sexta-feira, 14 de novembro de 2008

É fato.
Sinto saudades.
E uma saudade que parece a cada dia ser infinita.
Pensem vocês que eu só vou deixar de vê-lo hoje, amanhã e domingo. Mas mesmo assim, sinto tanta falta dele.

Ontem, num ato desesperado de medo, talvez, liguei pra ele as 2 e poco da manhã.
Definitivamente não estou pronta pra ficar sozinha aqui em casa.
Não dormi. Digo, como dormi todos esses dias quando ele estava aqui. Cochilei. Dormi mesmo, com a cabeça super mais calma, quando vi o dia amanhecendo pela janela (que estava com as cortinas fechadas). Foi nesse momento que meu corpo relaxou, que o sono finalmente chegou, e que não tive medo de abrir as portas, apagar as luzes e dormir. A luz do sol lá fora me conforta, mas a escuridão da noite ainda me assusta muito. É fato que vai fazer quase um mês, e que nesse dia estarei definitivamente sozinha aqui.
A força que eu tanto procuro, quando a noite chega, se mistura com o medo incondicional e com o sofrimento de uma família que insiste em ficar na minha memória. Tem muitas coisas que simplesmente não lembro, mas sempre que olho pra baixo, vejo os resquícios que ele deixou. E cada vez mais me machuca, corrói minha alma, meus momentos de paz que eu tinha com toda a trnqüilidade comigo mesma.
Medo. Tudo se resume aí, nesta palavra. Mas me pergunto a todo instante: medo do que?
Que ele volte? Eu nem se quer o conhecia.
Que eu possa fazer o mesmo? Não mesmo. Não agora que as coisas começaram a se encaminhar de uma maneira boa, que no ano inteiro não vi nada disso.
Então por que ter tanto medo de uma coisa que já aconteceu?
Talvez pelo fato de uma pessoa ter tirado a própria vida e eu assisti tudo de camarote.


"Santo anjo do senhor
Meu zeloso e guardador
Se a ti me confiou a piedade divina
Sempre me guarde, me reze, me ilumine
Amém".

Tenho comigo meu anjo da guarda. E sei que ele jamais me desapontaria nessa. Sei que está do meu lado a todo tempo. Sei que cuida de mim com todo zelo e carinho do mundo. Mas ele também não pode fazer milagres. Não pode simplesmente apagar da minha mente, algo em que todos viram.
Meu medo é incomum pra mim. Por isso mesmo preciso logo superá-lo. Porque viver em um lugar que você sempre chamou de seu (seu lar, sua casa, seu cantinho) e não conseguir nem relaxar seu corpo por conta de um acontecimento macabro, é tortura demais.
Mas tenho fé que logo isso passa.
Recente demais ainda. E a pessoa aqui é a mais imprecionada do mundo, e acontece exatamente na frente dela. Fica difícil ela conseguir se concentrar.
Mas passa. Eu acredito nisso. Muito mais, tenho fé que isso logo passará.
Vou passar a semana agora em São Mateus. Esfriar a cabeça. Esquecer daqui e dos acontecimentos que me levam a acreditar que preciso me mudar. Mas isso com o tempo a gente deixa de pensar, pois esquecer fica complicado. Pelo menos por agora.


Lile